Nossa continua história.

15/05/2017

Um dia desses achei uma carta sua. Uma carta antiga. Uma carta onde você fazia juras de amor e declarava toda a sua paixão por mim. Não eram juras de amor, eram juras próprias de um coração que ardia na paixão mais cega. O problema da paixão, é que ela acaba. A paixão vai embora com a mesma intensidade e casualidade em que chegou. Você foi embora junto com tudo isso.

Acho que peco em dizer que você me deixou. Sejamos sinceros, eu te deixei. Afastei tua conversa e teus abraços por dias, evitei seu encontro toda semana, até que percebi que não queria evitar o contato. Eu queria te evitar, te afastar, te deixar partir, te fazer partir.

É irônico pensar que tudo começou com uma mensagem, e tudo acabou do mesmo jeito. Mais irônico que tudo isso, só lembrar dos planos que nós nunca teríamos a capacidade de realizar, ou dos textos que escrevi pra você. O texto que escrevo pra você e escreverei por mais 1 dia, 1 mês, 1 ano e, talvez, 1 vida.

Digo que escreverei textos sobre você pela vida porque, bom, você foi parte dela. A sua história cruzou a minha e deixou uma parte dela em mim. Todas as histórias se cruzam um dia, seja por um segundo ou muito mais, mas cabe a nós decidir ficar ou partir. Você poderia ter ficado, mas a sua história não cabia mais na minha, a minha história precisava de uma reviravolta emocionante onde a protagonista larga tudo e muda radicalmente, mesmo que terminar não seja tão radical assim. Talvez a minha história seja aquele clichê onde a garota larga do namorado pra depois perceber que ele era o cara ideal, talvez não, e sendo bem sincera, eu não espero saber sobre isso tão rápido. Eu gosto de histórias dramáticas, talvez seja por isso que eu viso tanto uma. Eu sou intensa, preciso de tudo ou nada. Você, meu bem, já foi tudo, mas foi embora quebrando paradigmas e não se tornou um vazio, você tornou uma parte sua, parte de mim e eu nunca mais serei capaz de escrever versos ou textos sem que você esteja nele, você é uma parte de mim, caso eu queira ou caso não, não há nada que eu possa fazer pra apagar essa parte da história que você escreveu. Você foi um livro incrível que eu li, mas eu não podia guardar esse livro pra mim, não é mesmo? Chega a hora de outras pessoas lerem, e não tem problema algum.

Você foi uma parte da minha história, mas não foi o enredo principal, você não foi a causa ou a reviravolta porque, sejamos honestos, nossa história foi uma tira de distração de outra história mais emocionante, um desvio do caminho principal.

Demorei muito tempo pra conseguir lidar com a minha partida, pra conseguir escrevê-la e, finalmente, superá-la. Demorei tanto tempo, até que percebi: não é possível partir de onde nunca se esteve.


Marina Vizinhani

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