Carta do meu confuso coração

02/04/2017


Eu não me conheço. Passei por várias mudanças e, pra ser bem sincera, mesmo antes delas, nunca me entendi. Eu sou uma pessoa complicada de se lidar, muitas vezes eu acabo não sendo a única que não me entende, talvez isso afaste essas pessoas, ou talvez seja a minha mania de fazer isso por mim mesma.

Quando eu gosto de alguém, ou até mesmo quando a pessoa acaba se mostrando algo que eu considere interessante ou goste, eu acabo fazendo alguma coisa, seja pedir pra que se afastem para o próprio bem, ou faço isso por mim mesma. Numa sexta-feira, um garoto da minha sala deu uma festa, eu acabei indo e lá, eu te vi. Vi um garoto que, apesar de ser amigo de uma garota que eu já gostei, era uma pessoa incrível e que pode não saber, mas foi assunto de muitas conversas entre eu e as minhas amigas. A festa acabou, eu tinha ficado com esse mesmo garoto, parte de mim pensava que seria só isso e parte de mim torcia pra que não fosse, e não foi.

Outras festas vieram, outras festas acabaram, tudo seguia bem, mas a primeira parte de mim nunca poderia deixar que isso acontecesse, eu me afastei. Outra festa veio, eu decidi que ia conversar com você sobre isso, depois de muito tempo enrolando, eu consegui, disse que pra mim era coisa de uma vez, mesmo que não fosse.

Talvez eu tenha mentido pra você, talvez eu tenha mentido pra mim, e esse talvez, eu digo com certeza, mas com medo, e deve ser por isso que eu não digo completamente o que eu sei que sinto completamente, também deve ser por isso que disse o que não sinto. Sempre fui aliada de clichês como cartas e textos, até flores chamam a minha atenção constantemente, e deve ser por isso que o único jeito que eu consigo me comunicar, é através de cartas nunca enviadas.

O ato de escrever, me desmancha, me transparece e me libera de tudo contido dentro de mim, mas o ato de enviar? Libera uma sensação de dúvida, anseio pelo bem ou mal que essa transparência me causará. Me escrevo, me desmancho, aqui, e agora, pra poder me entender. Te digo aqui, e com certeza, tudo o que penso e não tenho coragem de verbalizar em outro lugar, aqui eu posso ser quem eu realmente sou, além das barreiras do ter e do poder. Me abro através de palavras, e só faço isso agora, porque a sua presença é uma carta móvel na minha vida. Estar perto de você, libera risadas e sentimentos bons, e isso não quer dizer que eu goste de você como algo mais, também não quer dizer que não goste, mas isso mostra que os momentos com você, são momentos bons, e eu, com essa mania de afastar tudo que me agrada, acabei te afastando também. Talvez você ache que eu não sou sincera, talvez você ache o contrário.

Talvez você não ligue pra isso, talvez você o faça. A única certeza que eu tenho, agora, é que eu entrei numa mudança, e finalmente gosto dessa mudança. Você me mostrou que a ignorância sobre si mesmo é a pior coisa que alguém pode se condenar a ter, e eu decidi que não seria mais assim, então mesmo que isso acabe por aqui, eu vou continuar a lembrar dessa história como algo feliz, porque você, com a sua conversa, e com o seu jeito de me mostrar que nem sempre o mais fácil é o melhor, me melhorou, e eu sempre vou considerar isso uma ação incrível, assim como considero você.


Marina Vizinhani

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